Zambelli chama Moraes de ditador e diz que não cumprirá pena no Brasil

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou, em vídeo divulgado nesta terça-feira (29), que se entregou às autoridades italianas e que não pretende cumprir a pena de 10 anos de prisão a que foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil. A Polícia Federal disse, em nota, que a parlamentar foi presa em uma medida de “cooperação policial internacional” da própria PF com a Interpol e agências da Itália.

“Eu sei que Deus está olhando para o Brasil. Sei que nós podemos contar com Ele. E é por isso que, com a alma limpa e o coração tranquilo, eu vou me apresentar às autoridades, porque eu não estou fugindo, estou aqui resistindo”, afirmou a deputada.

O advogado Fábio Pagnozzi, que representa a deputada, divulgou a gravação nas redes sociais e destacou que sua cliente “decidiu se entregar às autoridades italianas, a fim de colaborar administrativamente com os pedidos das autoridades, mostrando o seu endereço, mostrando que nunca foi foragida na Itália e estava esperando um posicionamento oficial para que ela pudesse se apresentar”.

No vídeo, Zambelli ressalta que, apesar de sua situação, a Itália não vive sob a “autoridade ditatorial de Alexandre de Moraes e de seus comparsas da Suprema Corte”. Moraes foi o relator do processo que resultou na condenação da deputada. “Estou tranquila, com a alma tranquila e o coração sereno de que aqui buscarei justiça para o meu caso”, disse.

A Primeira Turma do STF condenou Zambelli a 10 anos de prisão, a serem cumpridos inicialmente em regime fechado, perda do mandato e pagamento de multa no valor de R$ 2 milhões pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em maio, Zambelli deixou o Brasil e viajou, inicialmente, para os Estados Unidos. No ínicio de junho, Moraes solicitou a extradição da deputada.

“Quando eu disse que era intocável, é porque eu sei que só Deus pode me tocar. Eu não vou voltar para o Brasil para cumprir pena no Brasil. Se eu tiver que cumprir qualquer pena vai ser aqui na Itália, que é um país justo e democrático. Mas estou segura que analisando todos os processos, de cabo a rabo, eles vão perceber que eu sou inocente, porque eu não ordenei a invasão CNJ”, afirmou a deputada.

O hacker Walter Delgatti Neto, que teria atuado a mando de Zambelli, foi condenado a 8 anos e 3 meses de reclusão, inicialmente em regime fechado, além do pagamento solidário da multa imposta. Moraes determinou ainda que os dois devem ficar inelegíveis por 8 anos, contados a partir da condenação.

No vídeo, a parlamentar voltou a afirmar que Delgatti é um “mentiroso”, que mudou as versões que deu sobre o ocorrido em ao menos “cinco vezes” em depoimentos. Ela disse ainda ser alvo de perseguição política no Brasil.

“Eles tomaram a palavra de um mentiroso, que mudou cinco vezes o depoimento dele. Seis depoimentos, cada um dizendo uma coisa diferente sobre mim. E a palavra dele valeu mais do que a minha para me condenar. O que é isso, senão uma perseguição política? Eu vou continuar lutando aqui da Itália para que depois eu possa voltar para nosso país”, destacou.

Veja a declaração da deputada Carla Zambelli no vídeo

“Vou me apresentar às autoridades italianas e estou muito segura de fazê-lo, porque aqui nós temos ainda Justiça e democracia. Não temos um ditador no poder, não temos a autoridade ditatorial de Alexandre de Moraes e de seus comparsas da Suprema Corte. Estou tranquila, com a alma tranquila e o coração sereno de que aqui buscarei justiça para o meu caso.

Quando eu disse que era intocável, é porque eu sei que só Deus pode me tocar. Eu não vou voltar para o Brasil para cumprir pena no Brasil. Se eu tiver que cumprir qualquer pena vai ser aqui na Itália, que é um país justo e democrático. Mas estou segura que analisando todos os processos, de cabo a rabo, eles vão perceber que eu sou inocente, porque eu não ordenei a invasão CNJ.

Eles tomaram a palavra de um mentiroso, que mudou cinco vezes o depoimento dele. Seis depoimentos, cada um dizendo uma coisa diferente sobre mim. E a palavra dele valeu mais do que a minha para me condenar. O que é isso, senão uma perseguição política? Eu vou continuar lutando aqui da Itália para que depois eu possa voltar para nosso país.

Eu sei que Deus está olhando para o Brasil. Sei que nós podemos contar com Ele. E é por isso que, com a alma limpa e o coração tranquilo, eu vou me apresentar às autoridades, porque eu não estou fugindo, estou aqui resistindo. E vou continuar resistindo por vocês, pelos meus amigos, pela minha família, principalmente, e pela nossa pátria, nosso país. Contem comigo, hoje e sempre.

Podem ter certeza que todas as adversidades só fizeram de mim uma mulher mais forte, mais resistente e com muito mais fé. Eu confio que tudo isso vai passar. A noite as vezes fica mais escura antes do amanhecer, mas quando amanhece – e vai amanhecer – Deus é quem vai estar cuidando de nós e da nossa pátria. Não desista, resista. Um grande abraço a todos”.