A temporada de resultados do segundo trimestre de 2025 começa nesta quarta-feira (30) para os bancos brasileiros, com os balanços de Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11). Para o Banco do Brasil (BBAS3), o primeiro trimestre ainda joga sombra sobre as expectativas para o segundo período de 2025. As expectativas positivas estão voltadas para Itaú (ITUB4) e para Santander.
O que esperar para os bancos brasileiros em 8 pontos:
- Banco do Brasil: analistas esperam piora na divulgação em 14/08, com revisões negativas de Goldman, JPMorgan e XP; JPMorgan mantém cautela e Goldman cortou preço-alvo. Genial aponta para possibilidade de redução de pagamento de proventos;
- Banco do Brasil: Pressão no crédito rural (30% da carteira) é principal risco, porque pode exigir provisões maiores; Goldman reduziu lucro estimado para R$ 4,9 bilhões, 15% abaixo do consenso;
- Itaú: O JPMorgan projeta lucro de R$ 11,5 bilhões para o Itaú, com ROE (Retorno sobre patrimônio líquido) de cerca de 23% e margem financeira líquida no limite superior do guidance para 2025; o Goldman Sachs espera lucro líquido de R$ 11,3 bilhões, crescimento de 2% no trimestre e 12% no ano, com ROE de 22,9%;
- Itaú: A XP prevê melhora sequencial no lucro, crescimento anual da carteira de crédito de 11,4%, aumento marginal na inadimplência, margem financeira beneficiada pela redução dos custos de captação e sem expectativa de reação forte do mercado;
- Bradesco: Analistas esperam um bom trimestre para o Bradesco, com melhora sequencial no ROE e crescimento da carteira impulsionado por linhas mais seguras e qualidade de ativos controlada, estimando lucro de R$ 6 bilhões e ROE de 14,5%;
- Bradesco: O crescimento da carteira deve desacelerar de 12,9% para 12,0% no ano, caminhando para a faixa de guidance 2025 (4% a 8%), para a XP. A margem financeira com clientes deve crescer fortemente, enquanto a margem financeira de mercado deve cair para zero, mas a margem líquida, descontadas provisões, deve melhorar sequencialmente, de R$ 9,6 bilhões para R$ 10 bilhões;
- Santander: Analistas destacam que, no 1T, o banco teve leve queda de 0,6% na carteira de crédito, com crescimento estável de 1,4% no ano no 2T, pressionado pelo cenário macroeconômico;
- Santander: A expectativa é de resultados fracos, com lucro em torno de R$ 3,8 a 3,9 bilhões. A projeção indica queda de 2% no lucro trimestral, mas crescimento anual próximo a 13%.
Banco do Brasil – 14 de agosto
A maioria dos analistas espera que as tendências negativas apresentadas pelo BB no começo do ano ainda sigam presentes e exacerbadas no balanço que será apresentado em 14 de agosto. O último balanço foi responsável por revisões recentes por muitas casas, como Goldman Sachs, JPMorgan e XP. Mesmo com queda de quase 30% desde a divulgação dos resultados do 1ª tri e e papéis pressionados por tendências de baixa, o Morgan reiterou cautela enquanto o Goldman cortou preço-alvo.
A pressão no crédito rural (cerca de 30% da carteira do banco), que já se delineava no quatro trimestre de 2024 e se firmou nos últimos resultados, ainda segue foco de analistas como principal risco para o balanço do BB. O Goldman aponta que poderá haver impacto nos lucros por provisões mais pesadas exigidas para o segmento. A estimativa do banco estrangeiro foi reduzida para R$ 4,9 bilhões (15% abaixo do consenso Bloomberg).
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Ainda que analistas do banco admitam que a exposição ao agronegócio historicamente tenha garantido menor inadimplência e mais resiliência, a deterioração observada nos últimos anos tornou o segmento negativo para o nome. A XP aponta que o segmento agrícola passa hoje por mudanças estruturais, mesmo que se considere uma melhora no ciclo do setor, que podem levar tempo para reversão.
Saiba mais:
A Genial, em prévia sobre o segundo trimestre, levanta a possibilidade de redução do payout (dividendo como fração do lucro) para abaixo dos 40% a 45% observados nos últimos anos, com foco em preservação de capital. Para 2026, já há previsão de 1 ponto percentual do capital com fim do Programa de Capital de Giro para Preservação de Empresas (implementado durante a pandemia) e pelo impacto da Resolução nº 4.966. Além disso, aumento programado de risco operacional e devolução do instrumento híbrido também apertarão o capital no ano que vem.
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Itaú – 5 de agosto
Para o Itaú, o JPMorgan projeta lucro de R$ 11,5 bilhões, com ROE de cerca de 23%, e destaca a margem financeira líquida de clientes no limite superior do guidance para 2025, além de tendências saudáveis na qualidade dos ativos. O Goldman Sachs projeta que, entre os bancos tradicionais, o Itaú apresentará tendências relativamente melhores, com lucro líquido reportado de R$ 11,3 bilhões, crescimento de 2% no trimestre e 12% no ano, resultando em um ROE de 22,9%.
A XP espera que o Itaú apresente mais uma melhora sequencial no lucro líquido. Para a carteira de crédito, a XP antecipa um crescimento mais lento no segmento de veículos, além de um impacto negativo do câmbio nos segmentos corporativo e América Latina, efeitos que devem ser parcialmente compensados por hipotecas e cartões de crédito. A casa projeta um crescimento anual da carteira de crédito de 11,4%, inferior aos 13,2% registrados no 1T25, com uma convergência gradual para a faixa de guidance de 2025, entre 4,5% e 8,5%.
Quanto à qualidade do crédito, a XP aponta que o Itaú deve registrar um aumento marginal nos inadimplentes acima de 90 dias, impulsionado por pessoas físicas e pequenas e médias empresas, mantendo o custo do risco em 2,6%. A margem financeira com clientes deve se beneficiar da redução dos custos de captação e da melhora no mix de crédito, enquanto a margem financeira de mercado deve cair sequencialmente, mas ainda assim permanecer no caminho para atingir o limite superior do guidance.
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Por fim, a XP não prevê que os resultados trimestrais provoquem uma reação forte no mercado.
Bradesco – 30 de julho
O Bradesco deve apresentar um bom trimestre, na visão do JP Morgan, com melhora sequencial no ROE e crescimento da carteira impulsionado por linhas mais seguras e qualidade de ativos controlada, com lucro estimado em R$ 6 bilhões e ROE de 14,5%.
Mesmo com preferência pelo Itaú, o Goldman estima que o Bradesco deve seguir em segundo lugar, com lucro de R$ 6,0 bilhões, alta de 3% no trimestre e 28% no ano, e ROE de 14,4%.
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A XP antecipa que o Bradesco terá mais um trimestre sólido, mantendo o bom desempenho dos trimestres recentes. Ainda assim, há expectativa de leve aumento nos inadimplentes, em torno de 10 pontos base, elevando o custo do risco para 3,2%, ainda dentro de uma faixa considerada saudável. O crescimento da carteira de crédito deve desacelerar ligeiramente, de 12,9% no ano no 1T para 12,0% no 2T, caminhando gradualmente para a faixa de guidance do banco para 2025, entre 4% e 8%.
A margem financeira com clientes apresentará forte crescimento de dois dígitos, apoiada pela redução dos custos de captação, na projeção da corretora. Já a margem financeira de mercado, que contribuiu com R$ 462 milhões no 1T, deve cair para zero devido à pressão das taxas de juros mais altas. Ainda assim, a margem financeira líquida, descontadas as provisões, deve melhorar sequencialmente, passando de R$ 9,6 bilhões no 1T para R$ 10,0 bilhões no 2T.
Santander – 30 de julho
O JP Morgan espera resultados menos animadores do Santander Brasil, com crescimento contido da carteira, margem financeira de mercado negativa e alguma piora marginal na qualidade dos ativos, mantendo provisões elevadas, com lucro gerencial projetado em R$ 3,9 bilhões.
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Para o Goldman Sachs espera que o lucro do Santander Brasil diminua 2% no trimestre, embora cresça 13% no ano, totalizando R$ 3,8 bilhões, com ROE estável em 16,5%.
A XP aponta que, no 1T, o Santander apresentou uma leve queda na carteira de crédito de 0,6% no trimestre. Para o 2T, a XP acredita que o cenário macroeconômico continuou a pressionar a originação de crédito, resultando em crescimento estável da carteira no trimestre, de 1,4% no ano. A análise projeta expansão moderada nos segmentos de crédito imobiliário e cartões de crédito para varejo, pressão contínua nos empréstimos consignados, principalmente relacionados ao INSS, e veículos usados, recuperação parcial nas taxas financeiras, aumento do estresse nas linhas garantidas para pequenas e médias empresas, e desempenho contido no atacado devido a pressões cambiais e efeitos do IOF.
Quanto à margem financeira, a XP espera uma leve melhora na margem financeira com clientes, apoiada pela redução dos custos de captação e melhor mix, enquanto a margem financeira de mercado deve ficar negativa devido às taxas de juros mais altas. Esses fatores combinados levam a XP a projetar uma queda sequencial de 1,1% na margem financeira total, embora ainda com crescimento de 6,7% no ano.
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