O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a disparar contra o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, nesta segunda (28) por causa do interesse em minerais críticos brasileiros, que foram citados como possível moeda de troca nas negociações do tarifaço de 50% que entra em vigor na próxima sexta (1º).
A possibilidade de se negociar as chamadas “terras raras”, que são minerais utilizados em componentes tecnológicos, foi citada na semana passada pelo encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar.
“Se esse mineral já é crítico, eu vou pegar ele pra mim. Por que eu vou deixar pra outro pegar”, questionou durante a inauguração de uma usina termelétrica no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ).
A crítica ao interesse de Trump pelos minerais críticos brasileiros ocorre dias depois de, em um evento em Minas Gerais, Lula afirmar que “ninguém põe a mão” nestes recursos do país. E, ainda, em meio às negociações travadas entre o Brasil e os Estados Unidos para tentar adiar a entrada da taxação em vigor – o presidente norte-americano já adiantou que não haverá postergação.
Lula seguiu na crítica pontuando que o mesmo interesse foi usado para forçar a negociação de mais ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia, e que está ocorrendo agora com o Brasil. Ele descartou que possa colocar os minerais críticos brasileiros na discussão.
“Aquilo é nosso, aquilo é de uma pessoa chamada povo brasileiro. E o povo brasileiro tem que ter direito de usufruir dessa riqueza que essas coisas podem produzir, é simples assim”, pontuou.
O presidente afirmou que o governo está montando uma comissão “ultra especial” para fazer um levantamento das riquezas minerais “no solo e no subsolo” do país. Lula citou que, até o momento, apenas 30% destes recursos são conhecidos no território brasileiro, apontando um grande potencial no restante ainda não pesquisado.
Lula ainda citou que, a partir do momento que as riquezas forem conhecidas e que empresas forem habilitadas a explorá-las, elas serão proibidas de venderem sem autorização do governo.
“Temos que dar autorização para as empresas pesquisarem sob o nosso controle. Na hora que a gente der autorização, ela não pode vender sem conversar com o governo e, muito menos, vender a área que tem o minério”, completou.
O Brasil segue como potência mineral inexplorada: detém algumas das maiores reservas do mundo, mas carece de tecnologia, infraestrutura e incentivos para transformar esse potencial em desenvolvimento tecnológico e autonomia produtiva.
O impasse atual revela não apenas o embate entre duas narrativas — soberania nacional versus parceria estratégica —, mas também a incapacidade crônica do país de deixar de ser apenas um exportador de matéria-prima.
No mesmo discurso, Lula retomou os ataques ao filho de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos articulando sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por causa do julgamento da suposta tentativa de golpe de Estado.
“O que que fez o filho do coisa [Jair Bolsonaro]? De forma sem vergonha, deixou a Câmara dos Deputados, foi para os Estados Unidos pedir pro Trump fazer uma taxação no Brasil para não deixar o pai dele ir preso. Temos um cara que está traindo o povo brasileiro”, disparou lamentando o estremecimento das relações centenárias entre os dois países.
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