Como fica a tese de investimentos na Bolsa após IPCA e dados dos EUA?

A tese de investimentos na bolsa brasileira continua firme após a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Brasil e do Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos nesta quarta-feira (10), já que a expectativa de cortes de juros permanece tanto nos dois países, ainda que em prazos distintos, segundo analistas.

O IPCA caiu 0,11% em agosto, ante avanço de 0,26% em julho, abaixo da estimativa de 0,15% projetada por economistas consultados pela Reuters. Já o PPI recuou 0,1% ante julho, abaixo das expectativas de analistas consultados pela FactSet, que previam alta mensal de 0,3%.

“A queda do IPCA de agosto não altera de forma substancial a tese de investimentos para a bolsa local, dado que nosso mercado já trabalha com a trajetória de queda da inflação há 14 semanas seguidas”, disse Thiago Calestine, economista e sócio da Dom Investimentos.

Daniel Teles, especialista e sócio da Valor Investimentos, vai na mesma linha. Ele disse que de forma alguma a tese de investimento de investimento na B3 muda e que as “empresas estão negociando a um PL (importante indicador para avaliar o preço) bem abaixo do que o preço justo que a gente entende”.

Fed dita o ritmo

Segundo Teles, muito do ritmo de B3 vai ser agora pautado nas decisões de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos para a próxima semana. Para ele, o ponto mais sensível é o corte de juros da maior economia do mundo, que pode acelerar a entrada de capital via Bolsa, valorizando algumas ações.

Rafael Perez, economista da Suno Research, concorda. “O que temos falado aqui é que os gatilhos para a bolsa brasileira, para os mercados brasileiros, virão muito mais de fora do que do cenário doméstico. Ainda temos algumas incertezas fiscais e a política monetária bastante restritiva, então parece que as condições mais favoráveis para o Brasil podem vir do cenário externo”, falou.

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Segundo a ferramenta FedWatch, que verifica as expectativas do mercado sobre tesouradas na taxa da maior economia do mundo, 91% dos agentes apostam em um corte de 25 pontos-base neste mês nos EUA, com redução acumulada de 72 pontos-base até o fim do ano. No Brasil, por outro lado, a expectativa é de manutenção agora e início das tesouradas em 2026.

“O cenário geral indica alívio temporário na inflação, mas pressões em segmentos essenciais ainda persistem, e devem causar cautela para o Banco Central na próxima reunião do Copom, onde a Selic deve ser mantida em 15%”, disse Otávio Araújo, consultor sênior da ZERO Markets Brasil, sobre o IPCA os juros no Brasil.

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CPI sai amanhã

Apesar da expectativa de corte de nos EUA, ainda não há 100% de certeza de afrouxamento monetário na terra do Tio Sam. O último grande indicador para o fechamento da tese de corte de juros por lá, segundo Felipe Sant’anna, analista de investimentos do Axia Investing, é o CPI é o Índice de Preços ao Consumidor (CPI), que será divulgado nesta quinta-feira (11).

“Um número abaixo do esperado, ou mesmo em linha (com a expectativa do mercado), tem o poder de impulsionar ainda mais as bolsas globais. É como se fosse uma ‘certeza’ no corte, pois todos os astros estariam alinhados, retirando os problemas do caminho do Fed para um primeiro corte, ainda que pequeno, na casa dos 0,25%”.

Danilo Coelho, economista, especialista em investimentos e MBA em Finanças pela Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças (FBNF), disse que a expectativa do mercado é que o CPI venha abaixo do esperado, o que dá uma margem maior para um corte de juros. “Isso pode dar um fôlego grande tanto para a bolsa americana quanto para a bolsa brasileira se a gente ver ali um cenário muito mais claro de corte de juros por parte do Banco Central americano”.


Infomoney

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