A prisão da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP), nesta terça-feira (29), na Itália, provocou uma reação do líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ). Em nota, ele classificou a detenção como um sinal de “ruptura institucional em construção” e conclamou os demais parlamentares a reagirem em defesa do Legislativo.
“Não se trata mais de um caso isolado. É um sinal de que a ruptura institucional já não é um risco, é uma realidade em construção. Se o Parlamento aceitar calado o exílio político de seus membros, a censura de seus líderes e a criminalização da oposição, estará assinando sua própria rendição. Não será por golpe, será por omissão”, afirmou.
Zambelli foi presa em Roma após ser incluída na lista vermelha da Interpol, o que a tornou procurada internacionalmente. Ela estava foragida desde maio, quando deixou o Brasil após ser condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão que já transitou em julgado. As penas envolvem os crimes de falsidade ideológica e invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Câmara adota tom mais cauteloso
A declaração do líder do PL contrasta com a postura adotada pela cúpula da Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que não cabe ao Legislativo revisar a prisão da parlamentar, por se tratar de decisão definitiva do STF.
“O papel da Câmara é analisar o pedido de perda de mandato que já está tramitando na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)”, afirmou Motta.
O presidente da CCJ, deputado Paulo Azi (União-BA), reiterou que o caso seguirá seu curso normal e não será acelerado em razão da prisão. O relator da representação contra Zambelli, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), ainda deve levar algumas semanas para apresentar seu parecer.
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Isolamento político
Apesar da nota da liderança partidária, os principais expoentes do bolsonarismo têm evitado qualquer defesa mais contundente de Zambelli. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, permanece em silêncio, e o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, em junho, que “não tem nada a ver com a Carla Zambelli”.
A declaração expôs o distanciamento entre os dois, que vinham rompidos desde o episódio em que a deputada sacou uma arma e perseguiu um homem nas ruas de São Paulo, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.
O gesto foi apontado pelo próprio Bolsonaro como um fator que prejudicou sua campanha à reeleição. Desde então, a deputada passou a ser vista com cautela até mesmo dentro do próprio PL.
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