João Luiz Braga, sócio-fundador da Encore Asset Managment, aponta que 80% do fluxo na Bolsa brasileira hoje é de investidor estrangeiro. O olhar de longo prazo faz ele movimentar seus recursos para o Brasil, diz o gestor.
Ele conta que foram 17 anos de vantagens da bolsa americana, que aconteceram sequencialmente, fazendo o dinheiro todo migrar para lá. “Isso começou a mudar. O DeepSeek (empresa de inteligência artificial chinesa) foi a primeira coisa que fez isso. A eleição Trump adicionou volatilidade”, relata.
Assim, investidores foram buscar outros mercados fora dos Estados Unidos, que vinham operando com hipervalorização de ações. O Brasil foi um dos beneficiados. Isso tem deixado o sócio da Encore eufórico: “Não me lembro de um momento bem otimismo como esse”.
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João Braga participou ao lado do economista, investidor e influenciador Pablo Spyer de um bate-papo no último sábado (26) sobre perspectivas, intermediado por Lucas Colazzo, da XP, dentro da programação do espaço InfoMoney na Expert XP 2025, realizada em São Paulo (SP).
“O gringo está olhando para 3 a 4 anos à frente. Enquanto aqui se está discutindo se os juros vão cair essa semana, o gringo já vê que ele vai baixar daqui a dois anos – e isso vai acontecer”, afirma.
Juros caem
“O mercado (brasileiro) está olhando no extremo curto prazo”, enfatiza. “O mundo adora investir em lugares onde os juros estão caindo”, diz. Segundo ele, há duas semanas confirmou-se que os juros no Brasil tiveram seu pico, o que dá visibilidade positiva à renda variável. “Bolsa se compra quando juros está alto e não em baixa”, ressalta.
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O gestor vê o momento muito positivo com ações baratas negociadas no Brasil. “O estrangeiro não está nem aí (para as eleições no Brasil em 2026). Ele olha no longo do prazo”, afirma. Ele crê que o fluxo estrangeiro para a Bolsa brasileira mal começou.
Para Pablo Spyer, a queda do dólar no País não tem nada a ver com questões internas. “Primeiro semestre (do governo Trump) espantou os investidores dos Estados Unidos, que fez o dólar cair”, avalia.
A expectativa da queda dos juros nos EUA é outro assunto importante, segundo o economista, que deve mexer com os mercados globais. Para ele, os juros americanos só devem cair a partir de setembro.
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Spyer vê a crise imobiliária chinesa como um problema “grave”. “A gente vê empresas na China quebrando. 70% da poupança chinesa é imóvel. Isso afeta o minério de ferro”, diz.
Ele considera o tarifaço aplicado pelos Estados Unidos nas importações do Brasil como uma situação “difícil” e aponta o agronegócio como o maior prejudicado.
Infomoney